The humble style of antipoetry
O estilo humilde da antipoesia;
O estilo humilde da antipoesia
Author
Mostazo Lopes, João Gabriel
Full text
https://meridional.uchile.cl/index.php/MRD/article/view/5863110.5354/0719-4862.2020.58631
Abstract
Following a clue by Claudia Gilman (2000) on the characterization of the “long sixties” as an epoch of social and cultural convulsion, this article aims at the investigation of how the works of Chilean poet Nicanor Parra (1914-2018) are constituted, in this same period, not by immediately adhering to the social convulsion but by taking anachronism as a critical tool to read one’s own time. This anachronism, in Parra’s poetry, is translated into the two main figures of his works by the late 70’s: Christianity and ecology. In this article we leave ecology aside to investigate how Parra’s poetry is related to the Christian tradition of the preacher, with respect to what Auerbach (2012) identifies as a “humble style” in early Christian texts. We see this both with regard to some early antipoems from the 50’s and 60’s as well as to the preaches of the Cristo de Elqui, the main character featuring in two books published by Parra in 1977 and 79, in which the figure of the preacher is of most importance Seguindo a pista de periodização de Claudia Gilman (2000) para caracterizar os “largos anos sessenta” como uma época marcada pela convulsão social e cultural, o artigo investiga em que medida a obra do poeta chileno Nicanor Parra (1914-2018) constitui-se, nesse mesmo período, através não da adesão imediata a essa convulsão, mas a seu contrapelo, fazendo do anacronismo uma ferramenta crítica de relação com o seu próprio tempo. Esse anacronismo, em Parra, traduz-se nas duas figuras centrais da sua obra em fins dos anos 1970: o cristianismo e a ecologia. Neste artigo, deixando de lado por ora a questão da poesia ecológica, investigam-se as relações entre a antipoesia de Parra e a tradição do discurso de pregação cristão, sobretudo no que se refere ao “estilo humilde” dos primeiros textos cristãos, tal qual identificado por Auerbach (2012), tanto em alguns dos primeiros antipoemas, ainda nos anos 1950 e 1960, quanto nos dois volumes dos sermões do Cristo de Elqui, de 1977 e 79, nos quais a figura do pregador assume papel central Seguindo a pista de periodização de Claudia Gilman (2000) para caracterizar os “largos anos sessenta” como uma época marcada pela convulsão social e cultural, o artigo investiga em que medida a obra do poeta chileno Nicanor Parra (1914-2018) constitui-se, nesse mesmo período, através não da adesão imediata a essa convulsão, mas a seu contrapelo, fazendo do anacronismo uma ferramenta crítica de relação com o seu próprio tempo. Esse anacronismo, em Parra, traduz-se nas duas figuras centrais da sua obra em fins dos anos 1970: o cristianismo e a ecologia. Neste artigo, deixando de lado por ora a questão da poesia ecológica, investigam-se as relações entre a antipoesia de Parra e a tradição do discurso de pregação cristão, sobretudo no que se refere ao “estilo humilde” dos primeiros textos cristãos, tal qual identificado por Auerbach (2012), tanto em alguns dos primeiros antipoemas, ainda nos anos 1950 e 1960, quanto nos dois volumes dos sermões do Cristo de Elqui, de 1977 e 79, nos quais a figura do pregador assume papel central