O contexto geral em que surge este artigo, consiste no estudo do conjunto de pinturas murais da catedral diocesana de Jacarezinho, interior do Brasil, produzido Eugênio de Proença Sigaud (1899-1979), um arquiteto-pintor brasileiro. Dessa maneira, o objetivo do trabalho é evidenciar a defesa do artista do princípio da harmonização decorativa da pintura mural, a qual serviu à mensagem política de sua arte figurativa voltada para a crítica da ordem social dominante e promoção da imagem do trabalhador. Para tanto, o método aplicado foi o de confrontar as pinturas murais de Sigaud com os modos de vê-las, a partir de relatos de pessoas que, tanto no passado quanto no presente, atribuem sentidos diversos para as pinturas. Nesse sentido, como resultado obtido nos depararmos com devotos estarrecidos, nos anos 1950, com seus santos com formas disformes e aparência da própria população local. Consideramos, assim, que Eugênio Sigaud combinou suas capacidades de arquiteto-pintor às concessões do irmão e encomendador, o bispo Dom Geraldo Sigaud, para explorar as tradições e os motivos da arte religiosa para desafiar o culto do sagrado.