O estudo é parte de trabalho de pesquisa desenvolvido durante o estágio de pós-doutorado realizado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Brasil, no período de 2020 a 2021, cujo objetivo geral foi analisar influências teóricas, práticas e políticas oriundas de pensadores/as africanos/as presentes na obra e pensamento de Paulo Freire. Metodologicamente, a pesquisa foi desenvolvida por meio de uma abordagem qualitativa, numa perspectiva histórica e crítica. Para este texto, priorizamos a análise de um levantamento bibliográfico, sobretudo da literatura científica sobre o pensamento e a obra de Paulo Freire no contexto africano, mais especificamente no período de 1971-1980. Entre resultados e conclusões, podemos afirmar que as experiências desenvolvidas provocaram mudanças na práxis freireana, reinventando processos educacionais numa perspectiva decolonial em diálogo com militantes políticos e pensadores/as das Áfricas. Naquele contexto, Paulo Freire ampliou seus olhares e práticas com outros pensadores, intelectuais e militantes africanos, a exemplo de Amílcar Cabral, Mário Cabral, Julius Nyerere, Samora Moisés Machel, para citar alguns. No contexto das experiências africanas, destacam-se diversas fontes orais, além de propostas elaboradas e desenvolvidas nos contextos de Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola, Tanzania. O trabalho de Freire e da equipe do Instituto de Ação Cultural representou uma opção política pelos/as oprimidos/as, significando, também, engajamento político na continuidade da luta de libertação de países africanos no processo pós-colonial. A libertação, nesse sentido, continuava por meio de outras ações e projetos de formação cultural, aliados ao contexto produtivo local e ao desejo de formação de mulheres e homens novas/os, expulsando, desse modo, o colonialismo do cotidiano dos sujeitos. As contribuições para a sociedade brasileira e mundial, em geral, reafirmam a radicalidade político-pedagógica e social da obra de Paulo Freire.